Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2015

A Preciosa Arte dos Cálices de Flores

Imagem
A história começa nos albores do mundo, quando a Terra começava a dar vida às criaturas vegetais feitas de água, de vento, de sol e de poeira das rochas. Aconteceu, então, que no misterioso trabalho de transformação orgânica que se realizava no seio daquela natureza selvagem, o acre odor de terra recém-saída do caos e aquele dos vapores que perambulavam pelo espaço, as exalações dos vulcões e das águas em fermentação, se transmudassem, aqui e acolá, em hálitos leves e tênues, brotados dos cálices e de empolas carnosas: as flores. Não se parece isso o começo de um maravilhoso romance? No segundo capítulo dessa história, o homem já fez seu aparecimento sobre a terra. Esta criatura surpreendente, obedecendo aos próprios instintos de conservação, limita-se, a princípio, a procurar nos três reinos da natureza o desejo  de satisfazer os seus sentidos mais requintados: a vista e o olfato. Respirando aquela zona de ar mágico que circunda as belas flores multicores, o homem sente nas

Os Dois Hóspedes de Humberto de Campos

Imagem
Entre os muitos hotéis da cidade, aquele era o mais aristocrático. Situado em um dos pontos mais altos, era ali que se hospedavam os viajantes mais ricos e respeitáveis, alguns dos quais acabavam fixando residência no edifício. A Bondade, a Ternura, o Ódio, a Saudade, moravam nele. Jovem e sadia, a Alegria ocupava uma torre esguia e clara que o Sol fazia faixar, logo que amanhecia. A Tristeza, sempre vestida de negro, vivia num quarto sem luz, que apenas os morcegos visitavam. A Hipocrisia habitava um subterrâneo, e a Mentira, um compartimento estreito, cercado de portas falsas, que lhe facilitavam a fuga à simples aproximação da Verdade. Era nesse edifício que morava, chamando a atenção de todos, um cavalheiro que, às vezes, se mostrava doce, polido, gentil, tolerante, e outras, irritado, hostil, intransigente, e, não raro, malcriado. Era vizinho do Ciúme e, sob o menor pretexto, alternava com ele, que era, em geral, secundado pela Dúvida, cujos aposentos ficavam juntos e tinha

O Segredo de Cura dos Índios

Imagem
Há uma lenda dos índios iroqueses que conta a história de um grupo de índios que ia andando por uma trilha que levava a uma aldeia, quando de repente, um coelho saltou de uma moita e parou na frente deles. Os índios pararam e observaram o animal que se sentou no meio da trilha e ali ficou imóvel. Atiraram flechas no coelho e as mesmas saíram sem manchas de sangue ao atravessarem o animal. Puxaram o arco para atirar mais flechas, mas o coelho tinha desaparecido. Em seu lugar havia um homem, parado no meio da trilha. Parecia muito fraco e doente. O velho pediu comida e abrigo. Os índios não deram atenção e continuaram seu caminho. Assim, o velho seguiu atrás deles, a passo lento, até chegar às tendas da aldeia. Em frente à cada tenda, havia um mastro com uma pele de animal estendida, que era o símbolo do clã que ali morava. O velho parou em frente à tenda com pele de lobo e pediu para entrar, mas não deixaram: “Não queremos nenhum enfermo aqui” , disseram. Seguiu para outra tend

Dunmore e o Rei das Frutas

Imagem
A Escócia pode ser o último lugar que esperamos encontrar um abacaxi. Isso porque o abacaxi é uma fruta originária da América Tropical, sendo descoberta por europeus apenas quando Cristóvão Colombo fez uma passagem pelas ilhas de Guadalupe, no Caribe. Depois, a fruta se tornou símbolo de poder, sendo chamada até mesmo de "Rei das Frutas" e fazendo parte de pinturas e obras de arte. Sendo assim, Lord Dunmore, último governador do estado da Virginia, quando a America ainda era uma colônia da Inglaterra, resolveu construir em 1777, o que nos dias de hoje é conhecido como o mais louco imóvel escocês, uma residência de 14 metros de altura em forma de abacaxi, podendo  demostrar todo seu poder e riqueza de uma forma peculiar aos olhos de seus visitantes que não faziam ideia da existência da fruta. Quando Lord Dunmore voltou para Escócia, os marinheiros de sua frota teriam fincado um abacaxi no poste base do porto para proclamarem seu retorno do oceano. Além disso, Lord D