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Mostrando postagens de 2016

Coleção Nossos Clássicos - Machado de Assis (Contos)

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Na década de 60, a Editora Agir teve a brilhante ideia de lançar uma coleção de pequenos livros com os maiores clássicos da literatura brasileira. Os exemplares fizeram tanto sucesso que houve mais de cem volumes em diversas edições. E eu posso afirmar que sortudo é aquele que, ainda hoje, possui todos os volumes dessa coleção; o que não é o meu caso, já que possuo apenas dois desses exemplares. De tal maneira, é exatamente sobre um deles que eu falarei nessa publicação. Trata-se do volume 70 — isso mesmo — que reúne diversos contos de um dos maiores autores brasileiros de todos os tempos: Machado de Assis. Claro que eu fiquei curioso pelo motivo de só abordarem seus famosos contos no volume 70, já que se trata de uma peça importante para a literatura nacional. Então olhei na contracapa a lista dos outros, publicados até então, e vi que o volume 37 havia sido dedicado a Assis também, porém para alguns de seus breves romances. Já os autores dos três primeiros volumes da coleção,

Da Flauta de Junco ao Eco das Montanhas

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O destino de Pã, criatura mitológica, foi amar sem nunca unir-se a criatura amada. Sua morte é um mistério até hoje pois a causa não foi retratada nos fragmentos. Pobre Pã! Apenas os navegantes souberam do ocorrido depois de ouvirem uma voz em alto mar dizendo: "O grande Pã está morto". E isso foi suficiente para repetirem o boato desde as areias da praia até os cumes das grandes cordilheiras. O povo entrou em grande alvoroço e a partir desse dia vários poetas tiveram como inspiração a vida dessa criatura enigmática que gostava de ficar sob às sombras das árvores nas florestas solitárias.  Sabe-se que no final de sua vida, Pã passou a frequentar as encostas das cordilheiras pois tinha esperança de, um dia, encontrar a ninfa Eco. Todavia, morreu sem conseguir. Tinha como companhia apenas a flauta de junco que, por ventura, também tratava-se de uma ninfa. Siringe era o seu nome! Correu por toda a vida de Pã para que ele não a encontrasse, mas de nada adiantara. Rogou aos

Nhá Chica Perfume de Rosa, de Gaetano Passarelli

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Nascida em São João Del-Rei em 1808, Francisca de Paula de Jesus mudou-se para Baependi ainda criança. Devido a perda precoce de sua mãe, a menina, com apenas 10 anos de idade, cresceu sob os cuidados e proteção de Nossa Senhora que era chamada por Francisca de "minha sinhá". No decorrer de sua vida, Nhá Chica, como passou a ser conhecida, nunca se casou e dedicou-se inteiramente à fé em Deus e espiritualidade. Possuía sempre uma palavra de conforto, um conselho ou, até mesmo, uma promessa de oração àqueles que a procuravam. "A fé é a primeira virtude teologal infundida no dia do Batismo, juntamente com a esperança e a caridade. Nhá Chica foi realmente uma pessoa que soube colocar a fé como um dom recebido de Deus no transbordamento da sua piedade, da sua oração sincera a Deus e também a Virgem Maria, e que transbordou em gestos concretos, com acolhida e solidariedade, de caridade." — Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, Bispo da Diocese de Campanha.  Foi

As Orelhas da Lebre

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Certa vez um animal possuidor de longos chifres feriu traiçoeiramente o poderoso leão, que, enraivecido com a deslealdade do ataque e também para que não se repetisse aquilo, expulsou de seus domínios todos os animais que ostentassem chifres. Carneiros, cabras e touros, ao saberem da notícia, puseram-se em debandada, temendo o castigo do selvagem monarca. E tão grande era o temor inspirado pelo leão, que em meio aos fugitivos viam-se até gansos e corças, que, na ânsia de escapar ao perigo iminente, optaram pelo exílio.  Uma lebre, vendo projetada na parede a sombra de suas orelhas, teve receio de que algum perseguidor as tomasse por chifres. — Adeus, meu vizinho — disse ao grilo —, sou obrigada a abandonar meu país, pois estou certa de que no fim de tudo dirão que minhas orelhas são chifres e passarão a perseguir-me. — Ora — respondeu o grilo —, achas que sou bobo para vires dizer-me tamanha asneira? Quem não vê logo que o que tens não passa de orelhas? — Eu seu disso, e t

Book Haul de Novembro de 2016

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Mais um mês que passou e deixou boas experiências literárias. Romances medievais, reflexões, espiritualidade, contos e encantos formaram novembro no quesito "leitura". Abaixo você pode conferir quais foram as obras e ler suas respectivas sinopses; além disso, terá a oportunidade de conhecer mais exemplares parecidos com o tema clicando no link deixado no rodapé de cada uma.  A Rebelde, de Valeria Montaldi Em 1254, numa época em que as mulheres têm como destino apenas o casamento ou a vida religiosa, Caterina de Colleaperto ousa se dedicar totalmente ao estudo da arte médica. Seu empenho e sua competência levam-na a trabalhar no hospital mais importante de Paris, o Hôtel-Dieu. Aos poucos se destaca em sua carreira, mas seu espírito livre, forte e decidido torna-se alvo das intrigas de uma instituição exclusivamente masculina. Por isso, quando um crime ameaça manchar o bom nome do hospital, todas as acusações são lançadas contra ela. Para se esquivar das denúncias

A História do Bordado

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De fato, muitas figuras conhecidas no cenário mítico dos poemas homéricos ou na delicada atmosfera bíblica, revelam como a agulha sempre foi, desde as origens da humanidade, o símbolo de uma arte gentilíssima, que reflete o caráter de várias épocas; ou seja, os costumes, os usos, as manifestações da fantasia e do espírito. É justamente na Ilíada e na Odisseia que encontramos encantadoras donzelas envoltas em cândidos peplos entretidas em bordas tecidos preciosos, com a sábia agulha, guiada por mãos hábeis e espertas. E a arte do bordado encontrou a fonte de sua legendária história num episódio narrado pela mitologia, mesmo sendo sabido que o bordado floresceu na China e atingiu perfeição no Japão; e que somente durante as Cruzadas  difundiu-se pela Europa, onde encontrou grande aplicação nos castelos medievais. Mas a história do vídeo abaixo nos conta em um clima fantasioso que vale a pena ser conhecido também.  A Lenda de Aracne faz parte da mitologia grega, e se resume nu

Palavras Pensantes, por Gabriel Buzzi

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Consumir conteúdo nunca foi tão fácil. A popularização da internet e o fácil acesso à rede em smartphones e tablets , fizeram com que qualquer um pudesse consumir conteúdo em praticamente qualquer lugar. No entanto, a abundância de análises, críticas e notícias, trazem à tona uma figura importante no mundo dos sites e blogs: o editor. A suposta “crise na produção de conteúdo” da qual tantos falam nos veículos de comunicação, certamente não se deve a falta de público. O que percebo, porém, é a falta do conteúdo de qualidade, de “palavras pensantes” com uma boa edição, uma seleção de imagens correta e troca de ideias que seja naturalmente provocada entre os leitores. O público geral – e aqui é necessário ressaltar o papel da juventude – continua buscando por novas fontes de informação seguras para desenvolver sua própria forma de enxergar o mundo. Em um período onde as redes sociais se tornaram espaço para os famigerados “textões”, a facilidade de emitir uma opinião descu

O Encontro, de João Mohana

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João Mohana, nascido em 1925, formou-se em medicina e atuou na profissão por seis anos antes de se entregar ao sacerdócio e ordenar-se a padre no ano de 1960. A partir daí, dedicou sua vida ao apostolado da palavra escrita e falada. Ganhou inúmeros prêmios com suas obras literárias, incluindo o Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras, pela obra O Outro Caminho no ano de 1952. Mohana acreditava que sua missão era refletir sobre a vida, com todos aqueles que desejam sinceramente viver uma vida digna do Amor de quem a planejou. E fez isso com maestria até 1995, ano de sua morte. O Encontro se diferencia das demais obras do padre pois abrange todos os públicos, mostrando facetas valiosas da espiritualidade cristã. De acordo com a sinopse, o resultado desta técnica, tão inteligente quanto original, é uma leitura repleta de múltiplos sabores, todos ricos em nutrientes espirituais. Por isso não há dúvidas de ser um exemplar cativante para os mais diversificados leitores,

O Coelho e os Índios

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Excelente é a reflexão que nos é proporcionada ao conhecermos o conto dos índios iroqueses que, apesar da simplicidade, engloba temas relevantes para o cotidiano. Imaginem um grupo de índios que encontra um coelho no meio da estrada e, impiedosos, começam a atirar flechas para matá-lo; é exatamente dessa forma que a narrativa começa. Todavia, as flechas não machucam o animal indefeso até que algo sobrenatural acontece na mata, na presença do grupo. De fato, apenas aqueles dispostos a enxergar a verdade conseguem desfrutar de seus dons — nenhum integrante do grupo foi sábio o suficiente. Claro os corações  cheios de humildade, bondade e compaixão poderiam compreender qual era o verdadeiro objetivo do coelho, de tal modo que a fábula nos leva a entender que milagres acontecem a todo momento e muitos são os desacreditados e cegos em meio às suas convicções. Por isso a importância das virtudes. É fundamental agirmos em constante harmonia com o próximo pois os dons recebidos depoi

A Revolução dos Bichos, de George Orwell

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Podemos dizer que se trata do livro mais famoso do autor Eric Arthur Blair, cujo pseudônimo era George Orwell, que fez história na literatura com suas críticas e romances, até 1950 — ano de sua morte. Quando a obra foi publicada em forma de conto, no ano de 1945, houve uma repercussão negativa a respeito, já que tal fábula era uma analogia política que tinha como objetivo criticar o stalinismo — período em que o poder político socialista da União Soviética ficou nas mãos de Josef Stalin. Apesar de ser um pouco contraditório, uma vez que o autor era comunista, a obra apresenta pontos fundamentais para entender de forma lúdica o socialismo e os aspectos negativos que o stalinismo trouxe para tal doutrina.  Um dos motivos do sucesso da obra foi a caracterização da escrita e a leveza em que trata assuntos pesados e difíceis de entender, já que tal tema não está apontado na sinopse, tampouco no título. A trama ocorre na Granja Solar, com todos os tipos de animais de fazenda: galinhas

A Torrente e o Rio

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O encontro das águas com as pedras produzia formidável estrondo. A queda era de vários metros de altura e a torrente se precipitava fremente e espumante. Todos fugiam do terrível caudal e o horror seguia seu itinerário, tremendo toda a campina em torno. Não havia viajante, por mais intrépido que fosse, capaz de enfrentar aquela barreira. Certo dia, viu-se um homem sem outra alternativa senão arrojar-se à corrente, ameaçado como estava por vários assaltantes que lhe vinham no encalço. Fez mentalmente uma prece e atirou-se na água. As ameaças não eram nada mais que simples ruídos. A torrente não tinha mais que poucos palmos de fundo e o homem fugitivo não se expôs a nenhum perigo mais do que os desenhados em sua imaginação fantasiosa. A coragem apoderou-se daquela viajante. Se conseguira arrostar a fúria da terrível torrente e saíra ileso, nada mais havia que pudesse causar-lhe medo. O êxito do ato aumentava-lhe cada vez mais a coragem. Como se os ladrões não tivessem desistid

Testamento do Terror, de David Morrell

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Afirmo que quando escolhi ler este exemplar, pensei em algo totalmente diferente a respeito de sua premissa, simplesmente pelo título e sinopse; mas, enfim, terminada a leitura, vi que nada do que eu imaginei, de fato, aconteceu. E a cada página virada, uma surpresa, tanto boa quanto ruim. É válido ressaltar que o autor, David Morrell, é o mesmo que criou o personagem Rambo nos cinemas, interpretado por    Sylvester Stallone. Falando agora sobre Testamento do Terror, logo imaginamos um livro de horror onde coisas terríveis acontecem. Sim, trata-se de uma obra desse tipo, mas não contextualizada só nisso, porém em um clima de suspense e apreensão, com uma pegada de romance policial e aventura. Toda essa mistura me fez um pouco confuso sobre o objetivo do autor, apesar da obra ser detalhada e com diálogos impecáveis — talvez essa seja uma característica marcante de Morrell — que nos fazem vivenciar realmente os sentimentos dos personagem, e imaginar suas respectivas vozes em nossas

Book Haul de Outubro de 2016

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Apesar de serem poucas obras, a quantidade foi compensada pela qualidade. Desde reflexões poéticas de autores consagrados, até sentimentos nervosos em meio ao suspense de uma trama constituíram as leituras do mês de outubro. Uma verdadeira viagem no tempo para a época das grandes navegações, a descoberta do paraíso perdido e muitos outros mistérios que envolvem a humanidade não ficaram de fora; por esse motivo, ficarei honrado de compartilhar com vocês cada um desses exemplares. A Guerra das Imaginações, de Doc Comparato A guerra das imaginações  é uma detalhada e envolvente ficção histórica sobre o que aconteceu por volta do ano de 1500. Por um lado, as descobertas teológicas da época, como a revelação de que os anjos possuem órgãos sexuais inativos, e a contagem precisa de quantos demônios habitam as trevas. Por outro, as implicações do despertar de um novo mundo a partir das navegações ibéricas e o florescimento artístico com Michelangelo. O cenário da ação é o Vatican

A Velha Fábula da Raposa e as Uvas

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Esopo foi um fabulista que viveu na Grécia Antiga; suas fábulas e histórias são conhecidas mundialmente nos dias atuais e muitas foram reescritas por autores famosos, como Jean de La Fontaine, autor francês que viveu no século XVII. Um dos exemplos mais famosos é a fábula da Raposa e as Uvas, que será apresentada aqui numa versão própria tendo como objetivo ensinar que quando não aceitamos as nossas próprias limitações, perdemos a oportunidade de corrigir as nossas falhas… Ou seja, é fácil desdenhar daquilo que não se alcança! Uma raposa natural da Gasconha, embora seja confundida como normanda — povo medieval que se estabeleceu ao norte da França —, estava quase morta de inanição. Ia andando à procura de algo que lhe amenizasse a fome, quando viu no alto de uma parreira alguns cachos de uvas, que, a julgar pela cor arroxeada dos frutos, estavam no ponto de serem colhidos. Então o animal se aproximou espreitando ao redor e mal se continha pois tamanha era a vontade de deliciar-s

O Veneno da Vaidade

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A lenta e corrosiva vaidade, que toma a razão daqueles que por ela são infectados, é considerada como pecado capital cujo modelo egocêntrico torna-se o motivo para se potencializar. Tal sensação egoísta possui registros tão antigos quanto as pirâmides do Egito, e, assim como elas, atravessou as eras arrastando seus pesos materialistas consigo. Não é à toa que sua representação passou a ser uma caveira em torno de bens materiais, sendo que a mais famosa das pinturas, produzida por Charles Allan Gilbert em 1892, mostra uma mulher se enfeitando em sua penteadeira; seu reflexo finaliza a maestria da obra, e como um todo, nossos olhos veem o crânio na imagem, vazia e isenta de futilidade. Pois assim como as telas expostas em museus, os antigos contistas também registraram suas experiências de vaidade. Narciso, por exemplo, foi traído pela mesma ao se debruçar no leito do lago e definhar-se com o tempo. Sua lenda já foi contada aqui, tanto em vídeo quanto em texto, e você pode conferi

A Morte de Pã

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Pã era conhecido  como o deus dos pastores, caçadores e todas as coisas selvagens que na terra habitavam. Famosa era sua estranheza; tinha dois pequenos chifres de bode e pernas peludas do mesmo animal com delicados cascos. Era fácil de encontrá-lo em lugares solitários e primitivos, onde costumava tocar seu conjunto de flautas de junco. O ser das florestas emitia suaves melodias de seu instrumento devido à ninfa Siringe, por quem caíra de amores. Esta, por sua vez, fugiu de Pã com toda indolência, sempre rogando aos deuses que a transformassem em junco a fim de não ser encontrada. De nada adiantara! Sendo adorado pelos egípcios e pelos gregos, a criatura era capaz de demonstrar sua presença através de sensações de terrível medo, fazendo com que fugissem de pânico — talvez por sua aparência um tanto quanto assustadora. E um fato interessante é que, mesmo preferindo lugares silenciosos, era notado em meio às pessoas.  É sabido que o mesmo falecera misteriosamente, sem pistas do

Emoções que só a DarkSide Books te fará sentir no Halloween

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O mês de outubro chega corriqueiro em clima de halloween mal aproveitado, e isso se dá pelo fato de vivermos num país latino-americano. Realmente nossa cultura não evoluiu tal celebração como as nações anglo-saxônicas, que comemoram fielmente no dia 31 de outubro o tão esperado dia das bruxas. Contudo, nossa imaginação não perde sua força nesse período do ano, fazendo-nos capazes de criar o universo que tanto almejamos, seja ele como for; e uma das maneiras mais habituais consiste por meio da leitura.  A questão é: como encontrar o livro certo que nos concederá a oportunidade de viajar nesse universo encantado e sombrio? Pois este é o objetivo da matéria especial de outubro do Blog Pena Pensante; mostrar as emoções que temos ao nosso alcance, mesmo estando longe de tais origens. A DarkSide Books é a melhor opção para os que buscam o terror, a fantasia o suspense e o mágico. A fim de completar a publicação e firmar o que digo, disponibilizarei as indicações seguidas pelas emoçõe