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Mostrando postagens de 2017

Livros Indicados para Leitura em 2018

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Como de costume, todo fim de ano separo três livros que se destacaram entre minhas leituras para indicá-los. Dessa vez, selecionei exemplares diferentes entre si, mas ligados num aspecto em comum: a magia de cativar o leitor. Essa característica se torna relevante em cada título por suas particularidades. Heap House me despertou um sentimento de surpresa e silêncio em meio à confusão; os dez contos escolhidos de Eça de Queirós já falam por si só, enquanto o Fazedor de Velhos me trouxe à mente grandes reflexões a respeito da minha realidade. Sendo assim, fiz questão de destacar essas obras pois elas sempre terão um lugar especial na minha memória. O Segredo de Heap House, de Edward Carey Um livro espetacularmente esquisito, cheio de magia, humor astuto e personagens melancólicos e bizarros. Clod é um Iremonger. Ele vive nos Cúmulos, um vasto mar de itens perdidos e descartados coletados em Londres. No centro dos Cúmulos está Heap House, um quebra-cabeça de casas, castel

Nas águas desta baía há muito tempo: Contos da Guanabara

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Não é novidade o meu imenso apreço por contos dos mais diversos estilos, e isso se dá pelo fato de conseguirem condensar suas emoções em poucas palavras buscando garantir uma breve, porém profunda, experiência aos leitores. E tal característica ainda é enriquecida pela concisa perícia do autor capaz de reduzir seus textos ao essencial sem perder a maestria da arte na narrativa. Ou seja: contos, para mim, são frutos de sentimentos refletidos em lapsos momentâneos, eternizados pelo suave toque da tinta no papel. Muitos são os leitores que começaram suas jornadas literárias através de um conto, pois nele encontraram a forma perspicaz e direta que buscavam para embarcarem no imenso oceano dos livros. E o interesse se potencializa quando há a junção daquilo que foi com aquilo que é, tal como as águas de uma baía, há muito tempo. Ainda que permaneça a mesma, os olhos que a veem em meio às suas águas já não são os mesmos, nem tampouco as vozes que ecoam junto à brisa da manhã. E sã

Silas Marner: O Tecelão de Raveloe, de George Eliot

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A intriga já se firma quando descobrimos que George Eliot nada mais é do que um pseudônimo usado pela brilhante autora Mary Ann Evans que fazia desse disfarce masculino uma forma de seu trabalho ser levado a sério no decorrer do século XIX, em plena era vitoriana. E foi esse mesmo pseudônimo que assinou a obra Silas Marner: O Tecelão de Raveloe, terceiro romance da autora, publicado originalmente em 1861, que ganhou destaque por seu realismo, característica exacerbada à época, e também por sua pegada sofisticada e original ao tratar de assuntos variados, passando por industrialização, religião e fatores público-sociais.  A principio, seria apenas mais um romance ficcional nos padrões ingleses e dentro dos contextos da época, mas a crítica presente na escrita realista de Evans se torna perceptível à medida em que avançamos na leitura. E isso se torna um diferencial para a sua obra, pois ao mesmo tempo em que tinha de enfrentar inúmeras barreiras para ter seus escritos valori

Degas, Renoir e o Relógio de Orfeu, de Simon Goodman

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Se existe algo que desperta o interesse dos mais diversos leitores à história, é, sem dúvidas, uma caça ao tesouro enlaçada de todas as aventuras e percalços inerentes a ela. E estamos acostumados a ver tais jornadas nos exemplares fictícios, fruto da criatividade de seus autores; o que não deixa de ser emocionante. Mas quando esses acontecimentos não passam pelo imaginário das mentes criadoras, encontrando-se na tênue linha da realidade, a atratividade é muito maior. Isso porque percebemos que o conteúdo presente nas linhas do exemplar, de fato, ocorreram sem precisar ser inventados, mas apenas relatados. E sobre estes mesmos relatos, quando expostos em períodos marcantes da história, completam a primorosa obra verídica de caráter artístico requintado. De tal modo que com essas palavras posso salientar a minha experiência da caça ao tesouro com o livro Degas, Renoir e o Relógio de Orfeu, escrito por Simon Goodman. A obra apresenta um aspecto há muito esmiuçado por escrito

Nietzsche e a Verdade, de Roberto Machado

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Me colocando no papel de resenhista literário, cujo objetivo é mesclar o resumo junto à minha opinião sobre determinada obra, passa por minhas reflexões pré-elaboradas para o discernimento do que colocar no artigo, a concepção de uma crítica construtiva, capaz de revelar aquilo que o exemplar tem de melhor e transformar suas particularidades em palavras dentro da análise. De tal forma, fica clara a importância dos textos de Friedrich Nietzsche para tal ofício, uma vez que descobrimos que o significado da crítica vai além de uma simples elucidação opinativa a respeito de textos publicados, passando por um itinerário que não foge de seu principal contexto: a verdade. O professor e autor, Roberto Machado, fez uso da filosofia de Nietzsche para escrever sua obra há muito publicada, e que agora ganha uma nova edição pela editora Paz & Terra. E engana-se quem negligencia sua profundidade em decorrência do número de páginas do livro, pois o assunto abordado é extremamente deta

Diário do Conde d'Eu, organizado por Rodrigo Goyena Soares

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Diários sempre possuem uma conotação secreta dentro de seu contexto elaborável. São pensamentos, observações, experiências e reflexões enlaçadas nas considerações momentâneas em que foram escritas. Pois sabe-se que momentos são passageiros e como forma de perpetuar esse lapso de memória, surgem os diários dos mais íntimos instantes que marcam a estrada da vida assim como a tinta na ponta de uma pena marca o papel. Justo é o sentimento que se tem ao ver a obra solitária, cuja maestria das linhas permanecem obscura aos olhos de quem escreve; algo tão profundo e pessoal que só o tempo traz à luz para que outros olhos também possam desfilar sobre seus escusos parágrafos.  Sendo assim, o autor Rodrigo Goyena Soares, idealizou a organização e tradução de confissões presentes no diário de um personagem importante do século XIX em um momento que também carrega sua carga notável para a formação histórica de alguns países da América do Sul. O personagem em questão é Conde d'Eu, a

A Verdade Sobre a Tragédia dos Romanov, de Marc Ferro

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Livros de mistérios possuem uma força singular para prender os leitores ávidos a descobrirem seus segredos por horas de leitura. Algo inexplicável perante ao desejo de emancipar o fim junto à agradável sensação de dizer: "eu já sabia". Entretanto, obras com parágrafos construídos em segredos fantasiosos são, na maioria das vezes, belas criações de autores consagrados à escrita de enigmas; fato que limita o itinerário do papel à realidade. Desse modo, aquele com a chance de escrever sobre o passado obscuro e duvidoso, perfurado de questões fundamentais para haver a presença da verdade, domina um campo da escrita pouco explorado por escritores, que se resume em desconstruir a história contada nos livros e apresentar fatos que enlaçam o mistério dentro da realidade. Se enigmas criados com o intuito de cativar leitores já é algo prazeroso de se ler, imagine os mistérios que, de fato, aconteceram, mas se perderam na noite do tempo durante quase um século? É neste ponto que o

Exemplares Acadêmicos - Segundo Semestre de 2017

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Conforme havia mencionado anteriormente nas redes sociais, segue a apresentação dos quatro exemplares acadêmicos no âmbito das relações internacionais que estou lendo neste segundo semestre de 2017. Todos eles com o intuito de auxiliarem os meus estudos nessa fase de finalização do curso, além de aumentarem, significativamente, o meu entendimento sobre temas atuais do direito, organizações e agenda internacional. Não deixe de conferir:  Relações Internacionais na Idade Moderna, Um Panorama Histórico De Ana Paula Lopes Ferreira e Leonardo Mercher O estudo das Relações Internacionais nesta obra apresenta desde a configuração do Estado moderno até o início da expansão marítima e territorial das nações europeias e suas relações mercantilistas com outros povos. Além disso, são discutidas as repercussões do liberalismo, da Primeira Revolução Industrial e da Revolução Francesa no cenário internacional e a ordem de exploração das grandes potências internacionais. Ter clareza sobr

As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis

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Clássico da literatura portuguesa, editado e publicado como livro em 1867 por Júlio Dinis, tido como um verdadeiro sucesso da época justamente por direcionar-se à classe popular e não restringir-se à elite acadêmica. Nesse período da segunda metade do século XIX, Portugal vivia anos de ouro para sua literatura, com nomes memoráveis tais como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz. Mesmo tendo esse rico acervo à disposição, as atenções dos ávidos leitores voltavam-se a uma obra em especial de um autor que se lançava no meio literário fazendo uso de um pseudônimo. O exemplar foi chamado por Herculano de primeiro romance português do século, enquanto Camilo vislumbrava o nascimento de uma nova geração. De fato, Joaquim Guilherme Gomes Coelho, mais conhecido como Júlio Dinis, entrou para a história como escritor, não usando a arte como uma arma, mas como algo sutil e sensível, condizente com a pena tida como o mais clássico instrumento de trabalho

À Primeira Luz da Manhã, de Virginia Baily

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Primeiro livro de Virginia Baily que tive a oportunidade de ler, e seguindo a premissa da sentença de que a primeira impressão é sempre a que fica, a autora conquistou um lugar na minha estante. Com a capacidade ímpar de conduzir o leitor pelos cenários construídos na obra, há um profundo mergulho na Itália dos anos de 1940 até 1970, discorrendo a narrativa cativante pelos panoramas históricos e ficcionais — mescla que só grandes autores conseguem fazer com maestria  — e coordenando os ditosos que viajam por entre as páginas do livro em um contexto sentimental entre tempos de guerra junto a passagens afetuosas que trazem o novo para um tema já tão explorado. De fato, essas características refletem o talento de Baily em reinventar aquilo que já foi esmiuçado por outros autores. Sua difusão de ideias brilhantes proporcionam uma gama de surpresas e acontecimentos sobressaltados capazes de prender não só os ávidos leitores, mas, também, aqueles que não leem com tanta frequência