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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Sumidouro: Ponte Seca (Quarta Parte)

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Espelhar na vivência toda a historicidade do arcabouço ostensivo presente em Sumidouro é conseguir enxergar além do que a visão pode mostrar; é viajar nas linhas do pensamento projetadas em meio à maestria da obra; é saber decifrar o enigma emocional contextualizado nas paisagens; é sentir na pele a transformação fugaz das épocas; é exercer o papel de aventureiro e mergulhar no oceano de incertezas; é entender que a vida não para e as obras do passado tomam outras interpretações com o passar do tempo.  Por mais que possamos sentir que temos o controle de nossas ações para traçarmos planos ao futuro, tudo não passa de uma ilusão projetada pelo lento caminhar das décadas. Quantos indivíduos pisaram nesta terra com o desejo de construir impérios e nada levaram senão o esquecimento. Foram noites e noites depositadas na concretização de planos vazios, delineados pela vaidade, que acabaram encobertos pelo manto da noite escura. Caminhando por um centro histórico e observando atentamente os c

Sumidouro: Cascata Conde D'Eu (Terceira Parte)

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O relógio marcava mais de quatro horas quando adentrei o vale encantado de verde estonteante, mata fechada aos montes e riachos taciturnos correndo por entre as pedras. O sol ainda estava forte, mas já se preparava para o grande espetáculo de se pôr. Seus raios seguiam minha visão e dançavam pelos morros de pastos vicejantes. Àquela tarde o céu ganhava um azul único e a estrada de terra batida delineava seu percurso naquele esplendor natural que se revelava. O rumor da cascata monumental aumentava como se fosse uma lenda há muito esquecida. Um burburinho a cada curva enchia meu coração de esperança para avistá-la: a magnífica cachoeira e seu cenário hipnotizante, dona de antigas histórias cujas brumas guardavam uma relação encoberta com o romantismo no Brasil.  Tratava-se da maior queda d’água do estado do Rio de Janeiro. Um verdadeiro espetáculo da natureza vacilante ao vento, como um véu esbranquiçado pairando ao precipício. Foi em 1877, num almoço faustoso aos pés da cachoeira, quan