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Mostrando postagens de setembro, 2018

Folclore Africano: Por que os polegares são isolados?

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Há muito tempo, reza-se a lenda de que os cinco dedos ficavam bem juntos na mão, lado a lado. Eram rodos amigos. Aonde um ia, seguiam os outros. Trabalhavam juntos, brincavam juntos; lavavam, escreviam e cumpriam seus deveres juntos.  Um dia, os cinco dedos estavam descansando juntos numa mesa quando espiaram um anel de ouro largado ali perto.  — Que anel brilhante! — exclamou o Primeiro Dedo. — Ficaria lindo em mim — declarou o Segundo Dedo. — Vamos pegá-lo! — sugeriu o Terceiro Dedo. — Depressa! Agora, que ninguém está olhando! — cochichou o Quarto Dedo. Já iam pegar o anel quando o Quinto Dedo, chamado Polegar, falou: — Esperem! Não devemos fazer isso! — gritou. — Por que não? — perguntaram os outros quatro dedos. — Porque o anel não nos pertence — disse o Polegar. — É errado pegar uma coisa que não é sua.  — Mas quem vai saber? — perguntaram os outros dedos. — Ninguém vai nos ver. Vamos! — Não! — disse o Polegar. — Isso é roubo. Então os outros quatro co

Querido Mundo, de Bana Alabed

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As histórias sob a perspectiva de uma criança têm sempre uma especialidade quando bem transcorridas. Um encanto à parte do leitor com as palavras que, embora simples, refletem mais sentimentos que muitos títulos elaborados. Independente do gênero ou emoção — riso ou choro —, o olhar da tenra idade infantil sobre a realidade transforma o contexto e nos faz pensar na vida. Esse processo se potencializa ao sabermos que se trata de uma história real, escritas às lágrimas de angústia e sofrimento na esperança de um futuro melhor. Sim, o livro Querido Mundo nos concede a sensibilidade e a empatia para percebermos o sofrimento alheio nos relatos de guerra feitos por uma menina de sete anos e sua busca pela paz. Segundo J. K. Rowling, trata-se de uma história de amor e coragem em meio à brutalidade e ao horror, onde temos o testemunho de uma criança que suportou o inimaginável. Bana Alabed comoveu o mundo ao utilizar o Twitter como uma ferramenta de súplica à paz. Lá, a menina síria desc

O Homem Desatento às Portas do Paraíso

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Existe um conto dervixe que relata a história de um homem que, como a maioria de nós, sabia no fundo da alma qual o caminho para o Céu. Sabia que devia amar o próximo como a si mesmo, honrar seus pais e lidar honestamente com todos. Ele sabia como ajudar os necessitados e defender os inocentes. Sabia que a humildade, a paciência e o autocontrole são virtudes sábias.  E esse homem certamente tentava cumprir todas as coisas — mas só de vez em quando. Ele ajudaria um amigo, se por acaso se lembrasse que esse amigo estava passando por necessidade; fazia uma prece de ação de graças, se julgasse conveniente; até dava dinheiro aos pobres, se lhe doesse a consciência pesada. Mas a maior parte do tempo ele se ocupava mesmo é com seus próprios assuntos. Seus hábitos se impregnaram na alma e ele acabou desenvolvendo o defeito da desatenção. As oportunidades para um comportamento exemplar vinham e iam-se; em certas ocasiões chagava a percebê-las, mas de um modo geral nem notava as chances

Glück, de Karin Hulck e Fred di Giacomo

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A vida da maior parte das pessoas é, de fato, um emaranhado de questionamentos a respeito do que fazer e para que fazer, a fim de se atingir a felicidade. Como se esta fosse um prêmio dado somente ao vencedor da repetitiva competição que se inicia ao nascer do sol e termina quando o mesmo se põe. Constantemente, a felicidade também é associada ao sucesso, seja ele profissional, sentimental, acadêmico, enfim, triunfante. Neste vasto leque de predeterminações sobre os itinerários que levam à tão quista emoção, eis que os autores  Karin Hulck e Fred di Giacomo acabam descobrindo novas facetas dessa preciosa satisfação interior, e fazem isso de forma surpreendente: abandonam tudo e lançam mão de um ano sabático para tentarem entender o conceito da felicidade conquistada em sua essência. Assim, surge a obra Glück, que do alemão significa alegria e sorte. Imagine largar a gênese de uma carreira brilhante em um ofício extremamente disputado para percorrer o mundo atrás de respostas. Clar

Os Italianos, de João Fábio Bertonha

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Para mim, o livro de João Fábio Bertonha foi um dos mais especiais em meio aos inúmeros títulos históricos que já abordei no site. Isso porque o mesmo diz respeito aos italianos e sua história, abrangendo temas diversos e contraditórios que são elucidados pelo historiador. Muito do que queria entender sobre como se deu a vinda de minha família para o Brasil está explicado no livro, numa linguagem extremamente acessível e fluída, além de outros temas importantes para o conhecimento de todos, não se prendendo apenas naqueles cujos costumes e origens estão presentes na árvore genealógica. Lançando a questão do que é ser italiano atualmente, Bertonha nos conduz a uma certa mutação da identidade nacional no decorrer dos séculos de sua história, enlaçando a economia, a política, a cultura e diversos outros fatores para dentro da dissertação. E isso é feito em dois extremos de um itinerário, tal qual sua influência rural em contraste com o mundo da moda e seus executivos competentes, ou