Glück, de Karin Hulck e Fred di Giacomo


A vida da maior parte das pessoas é, de fato, um emaranhado de questionamentos a respeito do que fazer e para que fazer, a fim de se atingir a felicidade. Como se esta fosse um prêmio dado somente ao vencedor da repetitiva competição que se inicia ao nascer do sol e termina quando o mesmo se põe. Constantemente, a felicidade também é associada ao sucesso, seja ele profissional, sentimental, acadêmico, enfim, triunfante. Neste vasto leque de predeterminações sobre os itinerários que levam à tão quista emoção, eis que os autores  Karin Hulck e Fred di Giacomo acabam descobrindo novas facetas dessa preciosa satisfação interior, e fazem isso de forma surpreendente: abandonam tudo e lançam mão de um ano sabático para tentarem entender o conceito da felicidade conquistada em sua essência. Assim, surge a obra Glück, que do alemão significa alegria e sorte.
Imagine largar a gênese de uma carreira brilhante em um ofício extremamente disputado para percorrer o mundo atrás de respostas. Claro que isso denota coragem acima de tudo e bastante força de vontade a ponto de arriscar as bases sólidas de um trabalho remunerado. Mas como toda grande ideia parte de um questionamento, o livro nos instiga a refletir: realmente vale a pena ir em busca da felicidade? Com certeza vale, se isso diz respeito a abandonar a rotina para encontrar o que de fato nos completa. A partir daí, começamos a entender que felicidade e sucesso não andam juntos, mas às vezes se encontram. Podemos ter sucesso no que fazemos e sermos infelizes, contudo, ao encontrarmos a graça de ser feliz, imediatamente conquistamos o êxito de uma vida plena; em outras palavras, o sucesso inerente ao júbilo.


Os autores, então, refletem a felicidade no primeiro momento através da viagem, seguida pelas experiências, relatos, lembranças e acontecimentos que marcaram os momentos. Tudo feito de forma intensa buscando dar luz às inquietações, o que pode ser contraditório com o termo sabático quando temos sua falsa associação com descanso ou férias. Um ano sabático significa um ano com intervalo das atividades regulares e profissionais, geralmente com o intuito de organizar as ideias da mente e descartar as preocupações. Tal como um campo que respira após a farta colheita. Enfim, os jornalistas escritores da obra nos fazem repensar a vida.
No decorrer da leitura, vamos percebendo a profundidade do termo Glück junto à sua simplicidade; e se alguém ainda perguntar: como algo pode ser simples e profundo ao mesmo tempo?! Ora, depois de todas as histórias relatadas pelo casal, começamos a entender que para ser feliz basta mergulharmos no oceano de experiências que nos chama; o verdadeiro propósito da vida não se enraíza no acúmulo de bens, mas na simplicidade de se viver cada dia como se fosse o último.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A História de Caronte: O Barqueiro dos Mortos

Mobilismo e Monismo

O Segredo de Cura dos Índios

A Livraria, de Penelope Fitzgerald