Cocktails, Poemas de Luís Aranha
Antes de falar sobre o exemplar que contem poemas de Luís Aranha organizados por Nelson Ascher e Rui Moreira Leite, devo escrever um pouco sobre o autor e o quanto eu me identifiquei com ele.
Nascido em 17 de maio de 1901, Luís Aranha foi um dos pioneiros do modernismo poético e artístico iniciado nas primeiras décadas do século XX. Entre 1920 e 1922 escreveu uma série de poesias e conseguiu travar, através de irmãos mais velhos, contato com Mário de Andrade.
Por iniciativa própria, Aranha publicou apenas quatro poemas. O restante da obra só era conhecida por um longo ensaio que dedicou a Mário. Portanto, todos os poemas reunidos neste volume provém de um original datilografado — com exceção dos quatro —, entregue na década de vinte pelo autor ao amigo. Em 1926, nomeado por concurso, Aranha entrou para o Ministério de Relações Exteriores, iniciando sua carreira diplomática, abandonando a poesia.
Por eu ser aluno de Relações Internacionais e gostar de poesia, me identifiquei com Luís Aranha. Não só por esses aspectos, mas, também, por sua forma de escrever. A guerra de 1914 e a psicanálise, a revolução russa e a teoria da relatividade, o cinematógrafo, os surtos inflacionários e o aeroplano acabaram interferindo a previsibilidade deste mundo. A arte do começo do século refletiu este processo de maneira útil, aclimatando o homem ao imprevisto presente e preparando-o para o futuro.
Os percalços da história de Luís Aranha tornaram sua obra absolutamente exemplar das dificuldades encontradas pela literatura modernista no que diz respeito à sua recepção, segundo palavras de Nelson Ascher, organizador dos poemas de Aranha.
Após 60 anos, Cocktails foi publicado com um tom ironicamente bem-humorado, graças a Dna. Dulce, esposa do autor, que forneceu a maior parte dos dados biográficos e Aldo Fortes, primeiro a apresentar a obra do poeta e a reunir os textos num só volume.
Dizem que Luís Aranha, ao escrever sobre os impactos múltiplos da industrialização, da ciência, do cinema e das novas invenções, não se fez modernista — já nasceu modernista. Obra intensa que lhe garantiu um lugar entre os maiores poetas de sua geração e que, segundo Ascher, demonstrou que o que foi verdadeiramente novo, continuará novo.
Autor: Luís Aranha
Organizado por: Nelson Ascher e Rui Moreira Leite
Data de Publicação: 1984
Editora: Brasiliense
Páginas: 144
Informações: Coleção de poemas de Luís Aranha, poeta que participou da semana de Arte Moderna em 1922, mas que não alcançou o sucesso de seus colegas, como Manuel Bandeira e Graça Aranha.
Olá, ótimo post Felipe. Adorei saber um pouco mais sobre o autor, principalmente para entender um pouco sobre seu estilo de escrita. Não sei se leria esta obra no momento, mas é uma indicação maravilhosa, principalmente por sua importância perante a arte e afins. Beijos, Fê
ResponderExcluirMuito obrigado! Fico feliz que tenha gostado... =)
ExcluirOlá Filipe,
ResponderExcluirEu também adoro poesia e conheci alguns poemas do Luiz Aranha. Eu não conhecia essa coletânea e fique bem feliz ao saber dela (obrigada). Ele tinha tanta coisa para escrever não é mesmo? Como você mesmo citou em sua resenha. Vou com certeza procurá-lo para ler, porque me chamou bastante a atenção. Eu sou uma amante de arte, de literatura então isso será mais que um presente.
Parabéns pelo post!
Beijo!
Obrigado, Anelise! Você não vai se arrepender...
Excluir