Irmão Pedro e o Lagarto de Esmeralda


Irmão Pedro viveu na Guatemala há muitos séculos, mas o bem que ele fez vive ainda hoje na história do seu trabalho.
Era pobre e continuou pobre a vida inteira, pois dava tudo o que tinha aos necessitados. Transformou a própria casa, pequena e humilde, num lugar de tratamento para os doentes. Dizem que à noite percorria as ruas tocando um sininho para lembrar às pessoas de agradecer a Deus e compartilhar as graças recebidas.
Certo dia Irmão Pedro estava indo para a cidade e encontrou um homem muito pobre sentado à beira da estrada. Ao ver Irmão Pedro, o homem enxugou disfarçadamente uma lágrima. 
— Por que está tão aflito, amigo? — perguntou Pedro, percebendo o desespero do outro. 
— Estou com problemas sérios — disse o homem. — Minha mulher está doente e precisa de remédios.
Meus filhos estão passando fome, mas não tenho dinheiro e não encontro trabalho. Não sei o que fazer. Irmão Pedro olhou para o rosto sofrido e desejou ajudar. Mas suas roupas também estavam muito surradas, sua despensa também estava vazia e seu bolso mais ainda. Não tinha nada para dar. 
Levantou os olhos, procurando uma solução. O calor do sol se espalhou pela face bondosa. 
— Meu Deus — disse ele —, me ajude a ajudar esse homem. 
Ouviram um barulhinho; um lagarto verde surgiu de trás de uma pedra e pulou na estrada. Irmão Pedro pegou o lagarto pela cauda, com um sorriso, pôs o bichinho na mão do companheiro. 
O pobre homem olhou espantado para Irmão Pedro. Então abriu a mão e ficou muito mais espantado.
O lagarto tinha ficado duro e mais pesado, mas continuava verde. O homem examinou com atenção e viu o milagre. A criatura viva tinha se transformado num lagarto de pura esmeralda. 
— Venda o lagarto — disse Irmão Pedro — e compre os remédios para sua mulher e comida para seus filhos. Se sobrar dinheiro, ainda pode ajudar alguém que precise. O homem ficou muito grato e obedeceu. Correu a um joalheiro e vendeu a rara esmeralda por muito dinheiro. Com os remédios e a comida, sua família tornou a ficar forte e saudável. Os anos se passaram. O homem trabalhou muito. Seus filhos cresceram, prosperaram e se tornaram ricos fazendeiros. A fortuna da família continuava a crescer sempre, mas eles levavam uma vida discreta e sensata. Cuidavam dos pais idosos e davam boa parte da fortuna para ajudar os pobres. 
Chegou um dia em que o pai, já bem velho, voltou à joalheria onde vendera o lagarto milagroso.
Comprou a joia de volta e foi visitar Irmão Pedro. O bom velhinho estava mais pobre, suas roupas mais surradas e seus cabelos mais brancos. Mas o rosto enrugado era só bondade. 
— Lembra de mim, padre? — perguntou o visitante. 
Irmão Pedro olhou atentamente o estranho, procurando na memória. 
— Encontrei-o na estrada, muitos anos atrás. Minha mulher estava doente, meus filhos passavam fome. 
Irmão Pedro balançou a cabeça. Era a história de tantos! 
— O senhor me deu um lagarto de esmeralda e me disse para vendê-lo. 
A face do Irmão Pedro se iluminou. 
— Claro, claro. E como estão as coisas? Como está sua mulher? E seus filhos? 
— Estão bem — respondeu o homem. — Vim devolver sua esmeralda. 
Trouxe riqueza e prosperidade à minha família. O senhor passou a vida a serviço de outros. Tome a esmeralda, e descanse. Pode vendê-la, como fiz, e ter uma vida mais confortável. 
Tirou o lagarto do bolso e colocou na mão do velhinho. 
Irmão Pedro sorriu e pôs a joia no chão. Imediatamente o lagarto criou vida e desapareceu debaixo de uma pedra.

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