Livro: 50 Poemas de Revolta


Quando alguém ousa escrever algo relacionado a revolta, certamente pretende exprimir em suas palavras uma agitação peculiar que se estende por vieses de perturbação; em outras palavras, almeja compartilhar o efeito de sua revolta e, consequentemente, a gênese que o levou a tal manifestação. É interessante analisarmos dessa forma sempre levando o pensamento aos conceitos artísticos de expressividade. Seria uma revolta capaz de transmudar-se em arte? Artistas, por sua vez, poderiam concretizar suas obras pelo sentimento de raiva inerente à revolta? A resposta é sim! O tumulto da mente pode ser aliviado em arte, partindo do alvoroço de sentimentos revoltados em busca de alívio para tamanha conturbação.
Um dos caminhos mais utilizados para se colocar em prática a composição organizada de preceitos revoltantes, é fazendo o uso das palavras, que nos conduzem aos itinerários determinados pelos autores, como bem entendem, em veículos conhecidos como poemas. Nos poemas podemos viajar, observando as paisagens pela janela e contemplando tudo aquilo que a estrada nos mostra. Ganhamos experiência com isso, pois nos tornamos indivíduos presentes no contexto explanado.


Bem como os automóveis, os poemas se dividem em clássicos e contemporâneos. Independente da escolha, a experiência será sempre boa para quem cultiva dentro de si o desejo de viajar. Os versos são feito estradas que se ilustram em nossa mente. Tudo ganha forma e contorno. Os sentimentos mais diversos florescem em nós e somos movidos pela força que só a arte é capaz de desempenhar. Faço toda essa elucidação para abordar um pequeno exemplar que adquiri há pouco tempo, intitulado de 50 Poemas de Revolta. Trata-se de cinquenta oportunidades diferentes de viajar a fim de despertar e nosso íntimo um sentimento empático a quem vive as situações presentes nas estrofes corridas da obra. Em suas curvas, o leitor encontrará muitos motivos para se indignar, como é abordado na própria sinopse: ganância, autoritarismo, opressão, intolerância, ódio... Cada qual seguindo sua conjectura. 
Seja por nomes extremamente conhecidos da literatura, ou por vozes recém-ecoadas, os poemas recolhidos assombram e trazem à tona problemas do passado, confundindo-os com os da atualidade de forma contundente. Uma antologia que se concretiza como fonte de reflexão a leitores das mais diversas alçadas, em uma edição pequena e simples, podendo ser lida em poucas horas. Contudo, seu tamanho físico não interfere na profundidade emocional; ora desperta esperança, ora desanimo, mas sempre fazendo jus ao caminho poético que propôs: rever, refletir e, em muitos casos, não repetir o engendro de tais revoltas.

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