A Conquista do Everest, por James Ramsey Ullman
Amargamente decepcionado diante do fracasso da primeira tentativa, George Hebert Leigh Mallory estava decidido a arriscar mais uma vez antes da chegada das monções. O Everest era a montanha dele, mais que de qualquer outro homem. Fora o primeiro a marcar um caminho de escalada. Seu espírito ardente era a principal força motivadora por trás de cada lance vencido, e a conquista do topo era o grande sonho de sua vida. Agora seus companheiros percebiam que ele se preparava para o esforço supremo.
Mallory movia-se com a velocidade de sempre. Acompanhado do jovem Andrew Irvine, iniciou a subida a partir do passo onde estavam, no dia seguinte à descida de Norton e Somervell. Passaram a primeira noite no Acampamento V e a segunda no Acampamento VI, a 28.600 pés. Ao contrário de Norton e Somervell, planejavam usar oxigênio na última etapa e seguir a crista da cordilheira a nordeste, em vez de atravessar a face norte do desfiladeiro. A cordilheira apresentava dificuldades de subida mais formidáveis que a rota de baixo, principalmente junto à base da pirâmide do pico, onde empinava em duas torres de rocha que os montanheses chamavam de primeiro e segundo degraus. Mallory, porém, preferia o ataque frontal e frequentemente expressava a opinião de que os degraus podiam ser vencidos. Os últimos Tigers que desceram aquela noite do acampamento mais alto trouxeram a notícia de que os dois alpinistas estavam em boa forma e confiantes no sucesso.
Apenas um homem ainda veria Mallory e Irvine.
Na manhã de 8 de junho — dia marcado para a escalada ao pico —, o geólogo Odell, que havia passado a noite no Acampamento V, seguiu para o VI, levando uma mochila de mantimentos. O dia estava ameno e sem vento como todos naquela expedição, mas uma névoa cinzenta colava-se aos pontos mais altos, e Odell mal distinguia a montanha acima. Escalou um pequeno penhasco a cerca de vinte e seis mil pés de altitude e, chegando ao topo, parou para olhar em volta. A névoa se dissipou por um momento, desvelando todo o alto da cordilheira e, muito acima dele, na crista da montanha, viu duas silhuetas diminutas recortadas contra o céu. Pareciam estar na base de um dos grandes degraus, não mais que setecentos ou oitocentos pés abaixo da base do píncaro final. Enquanto Odell olhava, as duas figuras se moviam lentamente para cima. Então, subitamente como se dissipara, a névoa se fechou de novo e eles desapareceram.
As provas de resistência por que Odell passou nas quarenta e oito horas seguintes não têm paralelo entre os alpinistas. Chegou no mesmo dia ao Acampamento VI com as provisões e subiu ainda mais, observando e esperando. Mas o topo permanecia encoberto e não havia sinal de retorno dos dois. Na chegada na noite, ele desceu novamente ao passo e ao raiar o dia voltou a subir. Não encontrou ninguém no Acampamento V. Passou uma noite solitária no frio abaixo de zero e na manhã seguinte subiu ao Acampamento VI. Ninguém lá também.Com o coração apertado, venceu mais mil pés de subida, sempre procurando e gritando, já nos limites da resistência humana. A única resposta era o gemido do vento. O grande pico acima assomava árido contra o céu, envolto na desolação solitária dos tempos. A esperança se fora. Odell desceu ao acampamento mais alto e sinalizou a tragédia para os observadores lá embaixo.
Assim terminou a segunda tentativa de conquista do Everest e, com ela, a vida de dois homens de coragem. Os corpos de George Mallory e Irvine repousam em algum lugar na vastidão agreste de rocha e gelo que guarda o topo do mundo. Quando e como a morte os encontrou, ninguém sabe. E se a vitória os encontrou antes do fim, também não se sabe. O último vislumbre dos dois foi através do olhar de Odell — duas silhuetas diminutas recortadas contra o céu, lutando para subir.
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