A Montanha Que Gerou Um Rato


Esopo nos conta em uma de suas fábulas sobre uma montanha parturiente que fazia tanto barulho, em meio a gemidos e gritos, que os moradores dos arredores pensavam que ela geraria uma imensa cidade, pelo menos do tamanho de Paris. Mas foi grande a estupefação de todos: após laborioso trabalho de parto, nascera apenas um ratinho.
Esta pequena história ganhou várias versões ao longo do tempo, todavia sua moral continua a mesma. De forma contemporânea, hoje é feita a famosa tempestade em um copo d'água. Porém, todas as vezes que me recordo da absurda montanha colossal, muito verdadeira em seu sentido, me vem à mente uma passagem que li em um livro de contos cujo poeta eu desconheço. Foi algo mais ou menos assim:

Canto em versos pujantes
A terrível guerra
Que audazes gigantes
Do céu e da terra
A Júpiter levam,
Tentando eles em vão
Quando se sublevam 
Vencer o deus do trovão.

Se prestarmos atenção neste trecho do poema, perceberemos que todo esse arrojo e valentia dos audazes em subir ao encontro do deus Júpiter para desafiá-lo e então destruído, resulta num oco palavreado ameaçador, inconsistente de coragem e insuficiente de verdade. Ou seja, mais uma vez a montanha que gera um rato.

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