Os Excluídos da História, de Michelle Perrot


Solicitei este exemplar com um olhar internacionalista para os assuntos nele tratados. Isso porque queria desenvolver meus conhecimentos sobre o tema a fim de exemplificar questões parecidas que, eventualmente, ocorreram em outras épocas e lugares. Digo isso pois Michelle Perrot, a autora do conteúdo presente na obra, é uma historiadora e professora francesa que aprofundou-se nas questões de seu país durante o século XIX, escrevendo artigos que depois seriam compilados por Maria Stella Martins Bresciani, também historiadora e professora emérita da Unicamp.


Já pelo título e pela arte da capa, sabemos do que se trata: os excluídos da história; assunto delicado que abrange classes de operários, mulheres e prisioneiros "deixando de lado os mitos, representações ideológicas e posições partidárias". Originalmente, a obra foi publicada em 1988 e que, neste ano, ganhou uma nova edição da editora Paz e Terra, que fez um exímio trabalho de organização para com os artigos. Como já foi dito, Perrot preferia lançar seus textos como capítulos de livros, discursos de palestras, artigos de revistas e jornais; então logo no início é possível conferir uma lista detalhada sobre as origens dos artigos que compõem a coletânea organizada por Bresciani.


O livro é dividido em três partes, sendo a primeira dedicada aos operários. Com cinco capítulos podemos experienciar a relação da classe da trabalhadora do século retrasado com as máquinas, algo extremamente novo para a época; também com as eras da disciplina industrial (era do olhar. era clássica da disciplina de fábrica e a crise disciplinar e a reorganização do trabalho); a forma pela qual os operários viam os seus patrões; suas moradias e respectivas cidades e, finalizando a primeira parte, o nascimento de um rito operário na França — o primeiro dia do trabalhador.
Logo na segunda parte, o assunto central são as mulheres, tratando sobre a relação da classe feminina e o poder no século XIX; sua rebeldia popular e, por fim, a visão da dona de casa no espaço parisiense naquela mesma época. Perrot usa uma fonte riquíssima para elaborar seus estudos e a mesma fica disponível ao final de cada capítulo. Isso faz com que seu trabalho seja altamente detalhado, dando a oportunidade para outros estudiosos se aprofundarem ainda mais no assunto proposto.
Por fim, na terceira parte, é falado sobre os prisioneiros, começando pela delinquência e o sistema penitenciário na França do século XIX, indo às revoluções e prisões de 1848 e finalizando com os "apaches", ou seja, primeiro bando de jovens na França da Belle Époque, que eram violentos, mas se tornaram fenômeno da época por terem notoriedade nos jornais.


Trata-se de um livro com um alto teor acadêmico direcionado aos estudiosos e profissionais da área, contudo é uma boa escolha para aqueles que se interessam pelo tema de classes que, de certo modo, passaram por muitos desafios a fim de conquistarem seus direitos. Apesar do livro falar e citar exemplos e fatos ocorridos na França, é possível levar este conhecimento à outras épocas e lugares, comparando e exemplificando os dois lados.


Com certeza, o livro ficará guardado em um lugar de fácil acesso para futuras pesquisas. Tudo o que foi escrito aqui é como uma gota num oceano de conhecimento elaborado com afinco por Michelle Perrot. E é interessante que mesmo depois de duzentos anos, podemos notar algumas semelhanças em ações e atitudes das classes representadas na obra com as que hoje vivem o mesmo dilema. Por fim, indico o exemplar a todos que se sentem atraídos por este tema histórico pois a riqueza dos detalhes garantem aos leitores um desenvolvimento acadêmico proficiente.

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Nome: Os Excluídos da História
Autora: Michelle Perrot | Editora: Paz e Terra
Publicação: 2017 | Páginas: 362
Sobre: Leitura essencial, ilumina não apenas a maneira como o poder se desdobra de modo pragmático e simbólico, mas também a beleza da resistência e da rebeldia de indivíduos e grupos marginais. O livro é composto por artigos selecionados pela professora Maria Stella Martins Bresciani, que também assina a introdução e a orelha.

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