Humildade e as Raízes Terrenas


De acordo com o Abade Christopher Jamison em seu livro, temos que começar examinando a origem da palavra humildade para compreender seu real significado. Sua raiz é a palavra latina "humus", que significa solo ou terra. A partir daí, segue-se uma definição pragmática: ser humilde é ser prático e simples, ter os pés no chão. O que se pressupõe ser também realista, honesto e verdadeiro. A raiz também conecta humildade à humanidade, porque ser humano é ser feito do "humus".
"Homo Sapiens" é o pedaço de terra que sabe que está vivo, uma revelação magnificamente expressa no Livro do Gênesis. Adão é alguém feito a partir de "admah", a palavra hebraica para solo, chão. 
Ele é "sapiens" porque tem conhecimento, é capaz de dar nome às coisas e escolher quais frutos do paraíso desfrutar. Mas o único que ele não pode apreciar é o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Esse conhecimento significaria que ele é divino, pois só Deus pode julgar o bem e o mal. Apesar disso, o desejo de ser divino tira o melhor de Adão e Eva; e a serpente convence a ambos de que Deus mentiu: "mas a serpente respondeu à mulher: de modo algum morrereis. Pelo contrário, Deus sabe, que no dia em que comerdes da árvore, vossos olhos se abrirão e serei como Deus, conhecedores do bem e do mal".
A tentação para Adão e Eva deixar de ser "humus" - humilde e humano - e se tornarem deuses, um ato elementar de vaidade. Essa falta de humildade é, no entanto, sua ruína: o paraíso é perdido.
Esse tipo de história está representada na vida de cada ser humano, na medida em que cada um luta para ser prático e simples e evitar a tentação de agir como se fosse o centro divino do universo. Se você examinar as interações humanas que não deram certo, seja uma amarga discussão ou uma guerra, em geral há falta de humildade e excesso de arrogância.
Dessa forma. esse texto sobre humildade trata de nossa luta para sermos totalmente humanos, do desejo de estarmos enraizados no verdadeiro eu terreno e de não sermos enganados pela mentira do eu divino. Essa tarefa básica é compartilhada com gente de todas as épocas e lugares, quando perguntam ao Abade Christopher se ele acredita na história do Gênesis, sempre responde que é a mais verdadeira que conhece.

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